13-11-2019
As vezes pensamos que a vida é um conto de fadas e aí vivemos como se fosse um. Cada desafio a espera de algo novo de uma recompensa ou de algum reconhecimento, um príncipe encantado, um castelo e um resgate de tudo que nos faz mal, até um grande FELIZ PARA SEMPRE.
Não é um grande castelo ou o príncipe encantado, mas o resgate de tudo que nos faz MAL, e o grande FINAL FELIZ.Os contos não prosseguem depois de uma conquista, só dizem que a partir daí deu tudo certo para sempre. Já a vida não é assim.
Meu pai dizia que era como um grande vídeo game, onde enfrentamos cada desafio, vencemos alguns de primeira, perdemos algumas fases e aí, repetimos, repetimos até conseguir passar então chegamos ao grande chefão, somos extremamente testados, para sermos aprovado ou reprovados.
Como Moisés e o povo no deserto...
Primeira fase: aprender a clamar...
o povo havia se acostumado com o Egito e com todas as dores, então não clamavam mais, mas então as dores foram aumentando até que...
E aconteceu, depois de muitos dias, que morrendo o rei do Egito, os filhos de Israel suspiraram por causa da servidão, e clamaram; e o seu clamor subiu a Deus por causa de sua servidão.
E ouviu Deus o seu gemido, e lembrou-se Deus da sua aliança com Abraão, com Isaque, e com Jacó; E viu Deus os filhos de Israel, e atentou Deus para a sua condição. Êxodo 2:23-25
Os filhos de Israel suspiraram por causa da SERVIDÃO, e clamaram, e clamaram, e clamaram, e clamaram
A caminhada no deserto começa com o desejo de sair do Egito. Não vou dizer que depois de nossa conversão a vida foi fácil, passamos por muitas dificuldades, mas nada que não pudéssemos dar sempre um jeito, de repente isso fez com que alguns de nós, como eu, não víssemos tanta necessidade de incomodar a Deus com nosso clamor.
Nosso deserto começa em 1997 com uma transferência do meu pai para uma cidade pequena, sem muitos recursos. A marinha estava transferindo todos os militares que estavam mais de cinco anos em suas casas funcionais, pois nesse período muitos militares entrando na reserva resolveram entrar com processo pedindo o direito de uso capeão.
Eu lembro que meu pai tinha se inscrito em um projeto do governo para ser sorteado uma casa Acho que era isso, lembro de passarmos horas procurando um número que se achasse nos livros daria o direito do meu pai não se mudar, eu era pequena não me lembro o que significava, mas a procura não deu em nada, fomos transferidos...
Meus irmãos estavam vivendo relacionamentos sérios então mudar seria muito para eles. Para mim a mudança foi muito relevante em alguns fatos, como estudo que não era de boa qualidade, perder a fase de provas para vestibular, (pas), era o período de firmar amizades, mas em outros fatos foi pouquíssimo relevante. Eu tinha 12 anos e estava me mudando para uma cidade litorânea, com uma perspectiva de construir algo novo em um lugar diferente, não foi fácil, fui muito discriminada pelas pessoas da igreja na época, quase não fiz amigos, perdi a oportunidade de ir direto para a faculdade que queria, mas também, me envolvi mais na igreja, fiz minha primeira EBF, criei projetos evangelísticos, dirigir crianças, formei um grupo de coreografia, andei mais próxima de Deus, ou eu achava que andava.
Para minha irmã? Ela tinha somente sete anos tudo era divertido, tudo era uma aventura.
Para meu pai era aterrorizante, ele queria voltar o mais rápido possível, o que era só um ano se tornou quatro, mas também foi uma grande oportunidade de crescimento, pois foi lá onde ele se formou em teologia e recebeu o chamado de Deus para ser pastor.
Para meus irmãos era a separação, mas também trouxe crescimentos, amadurecimento.
Para minha mãe, foi o início de uma dor muito grande.
Meu irmão mais velho ainda era muito moço, tinha acabado de terminar a escola começaria a faculdade, mas estava muito envolvido, queria casar -se.
Então com tudo acontecendo tão rápido e com tantos ânimos alterados, houve uma discussão entre eles, os meninos e meu pai, e esse era o motivo para a separação....
Meu irmão foi embora....
Lembro da minha mãe dia é noite na janela, chorando, e muito preocupada com ele, da tristeza no olhar dela, o desânimo em sua voz, as lágrimas em seu rosto...
Meu irmão a princípio foi acolhido na casa da namorada, depois o inevitável aconteceu ela engravidou, aí vieram as lutas... foi expulso e desprezado pela namorada, passou por diversas dificuldades, fome, dormiu em relento, foi humilhado... Lembro da minha mãe em um orelhão ligando para amigas o acolherem em casa, do meu pai correndo de um lado para o outro para conseguir que ele entrasse na carreira miliar, me lembro das idas e vindas do meu irmão tentando se reconciliar... Até que aparentemente o vento mudou.
Ele conseguiu reconquistar a namorada depois de um pouco mais de dois anos e se casaram. O deserto não acaba aí... Como eu disse a ida real não é como um conto de fadas que vivemos nessa Terra felizes para sempre, na verdade continua...
Mas apesar de tudo isso nunca questionamos, nem nos apartados do Senhor.
Na verdade foi o período que meus pais mais trabalhavam na obra, subíamos e descíamos a favela todos os dias. Evangelizávamos, entregávamos sopas, trabalhávamos em projetos sociais, participávamos de estudos bíblicos, meu pai dirigia espiritualmente uma igreja.
Unidos e sempre buscando a presença de Deus.
Então mesmo em meio a tudo, sentimos a presença de Deus e nos sentíamos amados.
Minha mãe tinha uma comunhão com Deus muito grande, e Ele se fazia presente sempre confortando seu coração .
Aprendemos a amar aquele lugar...
Tanto que quando Deus nos tirou de lá nos sentimos entrando no deserto novamente...
Bem meu pai cresceu espiritualmente, se formou, foi chamado para o ministério o que fez com que ele realizasse, um de seus sonhos.
Minha mãe se fortaleceu na fé, criou mais intimidade com Deus aprendeu novas formas de trabalhar na obra.
Uniu mais nossa família, apesar da separação do meu irmão.
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